sexta-feira, 29 de maio de 2009

Gripe 'covarde' que ataca bebês fragilizados causou surto na Unicamp


Em crianças com dois anos ou mais, ele parece resfriado comum

Não é surpreendente nunca ter ouvido falar do VSR, sigla para Vírus Sincicial Respiratório, o patógeno suspeito de ter causado um surto entre bebês do Hospital da Mulher da Unicamp, em Campinas. Afinal, embora seja um vírus bastante comum, em adultos ou crianças maiores de dois anos ele se faz passar por um simples resfriado sem maiores consequências. Mas em crianças com menos de dois anos, sobretudo as mais fragilizadas, ele pode ser uma doença bastante perigosa.

Foram suspensos ontem (28) os partos no Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (Caism), na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O surto de infecção respiratória provocada por um vírus contribuiu para a morte de um bebê. Ao todo, 16 crianças foram infectadas, 14 estão internadas em isolamento. A interrupção dos partos deve durar dez dias.

"Nós costumamos brincar que ele é um vírus covarde, porque ataca mais justamente quem não consegue se defender", afirma Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIM). "Ele ataca, em adultos e crianças com mais de dois anos, as chamadas vias respiratórias altas, causando coriza, esses sintomas similares ao do resfriado. Mas, em crianças menores de dois anos, ele chega a afetar as vias respiratórias baixas, os brônquios dos pulmões, e causa mais problemas."

O vírus tem a chamada circulação sazonal - como a gripe, ele ataca para valer apenas em determinada época do ano. No caso do VSR, a temporada de risco vai dos meses de março a setembro. Ainda assim, são poucas as crianças que devem receber uma imunização prévia para combater o vírus.

"A recomendação é apenas para as crianças com menos de dois anos que tenham nascido prematuras, tenham doença cardíaca congênita ou doença pulmonar crônica", afirma Kfouri.

Nesses casos, a imunização não é feita por meio de uma vacina (que faria com que o organismo da criança produzisse os anticorpos contra a doença), mas de uma substância que nada mais é do que os anticorpos já prontos para combatê-la. Essa é a única maneira de proteger os prematuros, uma vez que seu sistema imunológico ainda é muito fraco para ser estimulado a combater o patógeno por si mesmo.

O problema é que esse remédio é muito caro. "Sai por cerca de R$ 5.000 o frasco", diz Kfouri. No Brasil, São Paulo é o único estado a distribuir gratuitamente a droga para quem precisa.

Lagoa assoreada morre aos poucos em Barão Geraldo


Principal atração do Parque Hermógenes de Freitas Leitão Filho ameaçada: enxurrada traz lama das construções

O consultor de empresas Roberto Gandara conhece como poucos o Parque Hermógenes de Freitas Leitão Filho, no distrito de Barão Geraldo, em Campinas. Vizinho do local há 26 anos, costuma usar o espaço ao ar livre para relaxar e caminhar. Nos últimos anos, porém, tem se incomodado com notável mudança de cenário: a lagoa do parque está sendo gradativamente assoreada e já é possível ver pontos onde a água não consegue seguir seu fluxo natural. “Se continuar assim, certamente muitos peixes morrerão”, lamenta.

Gandara aponta a possível causa do problema. “Há muitas obras em volta do parque e toda terra retirada acaba indo para a lagoa quando chove. Acho que falta planejamento para a realização do manejo dessas terras”, argumenta ele.

O consultor também acredita que as condições precárias do próprio parque devem estar contribuindo para o agravamento da situação. “Basta notar como estão as margens da lagoa para ver que existe nada para impedir que a água da chuva arraste esse monte de terra. Talvez a construção de novas redes de escoamento pudesse acabar com o problema”, arrisca.

Gandara não é o único a se queixar da situação. O professor universitário Rodrigo Chavez Monteiro do Prado e vizinho do parque há cinco anos diz ter acompanhado a evolução do assoreamento desde que se mudou para Barão Geraldo. “Comecei a perceber que alguns montes de areia apareciam de repente e não saíam mais”, lembra.

Para Prado, a imagem que sintetiza o descaso é o crescimento de vegetação numa das ilhas de areia no centro da lagoa. “Isso há alguns anos era um pequeno morro. Agora já tem até árvores enormes. Os patos que vivem no parque já chegam na ilha sem precisar voar ou nadar. Basta caminhar sobre a terra”, descreve.
O professor também sugere que os responsáveis pelo parque realizem manutenção para evitar a morte de um dos maiores patrimônios da população de Barão Geraldo. “Esse parque precisa receber mais atenção. Eu nunca vejo ninguém aqui fazendo vistorias ou melhorando a sua infraestrutura.”