sexta-feira, 4 de junho de 2010

Reunião do Conseg tem resultados positivos

Comparecimento maciço da população e respostas efetivas das autoridades são um alento para a maior preocupação dos baronenses na atualidade

O Ministério Público pode ajuizar ação civil pública em face da Unicamp caso as negociações com a universidade para cumprimento de um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) não sejam satisfatórias para coibir os abusos de festas de estudantes. A Polícia Militar está estudando a formação de mais uma companhia na região da atual, que atende o 7º e o 5º  Distritos Policiais, aumentando o efetivo e o patrulhamento em Barão Geraldo. A Polícia Civil deve receber nos próximos dias mais funcionários e um investigador para recompor seu quadro funcional.

Estas foram as boas notícias levadas ao público durante a reunião do Conselho de Segurança de Barão Geraldo – Conseg BG – no dia 31 de maio, no Salão Paroquial da Igreja Santa Isabel, para discutir as questões da crescente criminalidade e falta de sossego público em Barão Geraldo. Aproximadamente 80 pessoas, praticamente um recorde de público, compareceram na reunião. A má notícia foi que a implantação de uma base do sistema de monitoramento por câmeras em Barão Geraldo ainda vai demorar.

As boas notícias foram divulgadas pelo promotor de Justiça, Valcir Paulo Kobori,  pelo comandante do 4º Batalhão da PM, capitão Adriano Augusto Leão, e pelo  delegado do 7º Distrito Policial, Tadeu Aparecido Brito, que responderam a dezenas de perguntas feitas pelo público presente. Entre os questionamentos do público as medidas que estão sendo tomadas para proteger o distrito de 65 mil habitantes dos roubos, assaltos, sequestros e perturbação da Unicamp e das repúblicas de estudantes, feitos por moradores de vários bairros, principalmente do Bosque de Barão e da Cidade Universitária. Segundo alguns moradores, as festas da Unicamp são profissionais e levam até patrocínio de marcas famosas de cerveja.

Questões urbanas

Para o promotor Kobori, cuja segmento de atuação é Habitação e Urbanismo e preside um inquérito de uso irregular de solo urbano pela Unicamp, a postura da universidade é de plena autonomia. “No entender dos administradores, ela (a universidade) é que manda lá dentro, mas não é bem assim”, disse o promotor, ressaltando que os usos devem ser coibidos porque extrapolam os limites da universidade. “Eles têm punido alguns estudantes, o que é bom sinal”, acrescentou. “Se não aceitarem o TAC serão réus em ação civil pública e o Judiciário é que vai decidir, e as multas são muito altas”, alertou.

 Em resposta a um ouvinte que questionou as obras do Tilli Center, o promotor informou que a obra do muro do estacionamento já está embargada, mas que há divergências jurídicas. “As construções antigas obedeciam outra legislação, de recuo de cinco metros das margens do rio. Depois foi criada a área de proteção, de trinta metros. De qualquer forma deve haver um ganho ambiental”, disse, destacando que o movimento de preservação é bastante organizado. “Se ninguém reclamar fica como está”, destacou.

Segundo o promotor, estão em andamento as discussões para a revisão do Plano Diretor de Campinas, incluindo a Zona 3 que abrange Barão Geraldo, e a população deve ficar atenta pois haverá conflitos de interesses. “O futuro do País está na organização das comunidades em associações e fóruns como o Conseg, e vocês devem antecipar as discussões”, aconselha Kobori. “Falta planejamento em Campinas e a prefeitura é muito tolerante”, acrescentou.

O vice-presidente da Pro Bairro, Paulo Roberto Santos Ivo, informou que o Santander comprou uma área de um milhão de metro quadrados atrás do Centro Médico onde pretende instalar um Centro de Processamento de Dados e outros departamentos, além de um conjunto habitacional para os funcionários, que irá impactar sobremaneira a região. Além deste, há outros empreendimentos em curso. “Serão pelo menos vinte mil pessoas a mais no bairro”, avalia Santos.

Miguel Rodrigues, sub prefeito de Barão, disse que audiências públicas já estão agendadas para discutir as alterações do Plano Diretor na Z3. "As reuniões começam dia 23 de junho no Centro, e depois dia 24 na Pro Bairro, dia 28 na Santa Genebra e dia 17 de julho  no Village”, informou.

Questões policiais
O delegado Tadeu se mostrou sensibilizado com os apelos dramáticos do moradores, e disse estar atuando com equipes policiais e da prefeitura em diligências pontuais nas festas mas ainda falta estrutura. “Eu disse ao secretário de Negócios Jurídicos que a prefeitura tem que participar com mais fiscalização, mas eles não têm estrutura nem para acompanhar as diligências”, lamenta. Segundo ele vários casos de roubos com prisão de quadrilhas foram solucionados no distrito mas a comunidade fica sabendo somente do crime. “Sinto que existe um público grande com vontade de mudar. A comunidade também tem que mudar o comportamento e participar”, convoca. Ele admitiu que o efetivo está desfalcado mas espera novos funcionários e um novo investigador no DP em breve.


O capitão Augusto admitiu que a polícia preventiva não é 100% eficaz porque não pode estar em todos os lugares ao mesmo tempo. “A PM atende também a uma série dedemandas que não são policiais em uma área muito abrangente. O ideal seria uma Companhia para cada Distrito Policial e cuidamos de dois Dps, o 7º e o 3 º. Existe um plano de criar uma Cia. Somente para o 3º e aí a situação pode melhorar”, informou. Ponderou que, no entanto, é difícil acompanhar o crescimento urbano 'espantoso' de Campinas e que a formação de um soldado da PM demora 13 meses.

A Policia Militar tem um vínculo próximo com a Polícia Civil e tem realizado ações constantes com a presença da Força Tática e Rocam em Barão. “Os jornais publicam com destaque o crime e no pé da página quando solucionamos os casos”, reclamou. “Gostaríamos deter mais estrutura, como um novo prédio mais adequado”, acrescentou.

Invasão política

Mesmo tendo chegado ao final da reunião o vereador Thiago Ferrari fez uso da palavra quando o sub prefeito deu uma de Miguel, elogiou o projeto do Unimod (que descentraliza o Simcamp – sistema de monitoramento por câmeras de segurança) e lhe passou o microfone. Algumas pessoas indignadas com o uso político da reunião deixaram o recinto em protesto, mas os que ficaram tiveram que ouvir experiências pessoais pouco relevantes com os assuntos que estavam em discussão.

Foi interrompido para explicar se o projeto do Unimod, de sua autoria, promulgado lei recentemente, tinha prazo para ser implantado. “O prazo inicial era de vinte dias mas a prefeitura alegou dificuldades operacionais e deve entrar em funcionamento somente daqui a quatro ou cinco meses”, disse. Até lá já terá passado as eleições.